A principal dúvida de pais, professores e artistas iniciantes é: Qual história contar? E não é à toa! Escolher a história ideal é um passo importante para o sucesso de uma contação. Mas, como selecionar uma boa história e como saber se o público vai gostar? Calma! Construí um guia com critérios que ajudarão você a fazer a escolha certa. Confira!
Critério 1: Importância da História para o Contador
Um dos erros mais comuns que contadores de histórias cometem é escolher uma história que não gostam muito. Contar história é um ato de entrega! E ninguém se entrega ao que não gosta. Quando você conta uma história em que se encanta e se diverte, este sentimento positivo é transmitido ao público. Mas, quando você está contando por contar, acaba não se sentindo confortável, e isso, também é passado para quem está assistindo. Por isso, escolha uma que tocou você de alguma forma. Pense: “Eu me diverti? Foi emocionante? Desejei participar desta história? Fiquei imaginando o que aconteceu depois do fim?”. Se a maioria das respostas para estas perguntas for “sim”, bom sinal! Mesmo que seu público seja infantil, as histórias têm o poder de causar sensações semelhantes em adultos e crianças. Desta forma, se uma história foi importante para você, ela é uma ótima opção.
Critério 2: Faixa Etária do Público
A arte da narrativa proporciona benefícios para pessoas de “mamando a caducando”, mas nem toda história é apropriada para todas as idades. As crianças, principalmente, mudam suas preferências literárias conforme a faixa etária em que se encontram.
De 0 a 3 anos: Nesta idade, as crianças se dispersam com muita facilidade. É imprescindível escolher um enredo curto e ritmado. Utilizar livros ilustrados ou objetos cênicos (fantoches e dedoches), ajudam as crianças a atribuir significados e ligações entre as palavras e as figuras. Nesta idade, animais costumam chamar mais à atenção. Observe os desenhos animados voltados a esta faixa etária, uma das personagens preferidas é uma galinha azul que interage com vários outros animais.
A estrutura das histórias para esta faixa etária não precisa necessariamente ter início, meio e fim. Exemplo: “Peixinho Dourado, vai navegando na água! Glub, glub! Polvo Polvo, vai navegando na água! Glub, glub! Zangado Tubarão, vai navegando na água! Glub, glub! Gigante Baleia, vai navegando na água! Glub, glub!”.
De 3 a 6 anos: Na faixa etáriaconhecida como fase pré-mágica, as crianças ainda gostam bastante de animais, mas suas preferências aumentam um pouco. Elas também adoram ouvir pequenos contos de fada e histórias fantásticas sobre o cotidiano.
Existe um livro chamado “Minha Mãe é um Lobo” da Brinque-Book, que narra o momento em que a família de Isabela está brincando de fazer teatro e sua mamãe transforma-se em um lobo. O livro exemplifica bem a capacidade que uma criança tem de transformar uma cena do cotidiano em algo mágico, já que Isabela passa a realmente ver sua mãe como um lobo.
De 6 a 9 anos: A partir dos 6 anos, a criança já consegue ficar conectada por mais tempo. Então, é possível contar histórias um pouco mais longas. Nesta faixa etária, os contos de fada ganham mais espaço, assim como as histórias engraçadas e as lendas folclóricas. Ah, não posso esquecer de citar os enredos de aventura! Histórias onde a personagem precisa alcançar um objetivo prendem muito à atenção deste público.
De 9 a 12 anos: Atualmente, as crianças nesta faixa etária são praticamente pré-adolescentes. Digamos que seja mais difícil convencê-las. Por isso, as histórias verídicas, ou que pelo menos pareçam ter acontecido de verdade, despertam o interesse delas. Elas também gostam de histórias sobre viagens e suspense! Querem sentir algo mais desafiador, afinal, é nesta idade que algumas pessoas começam a gostar do gênero terror. Em muitos eventos, eu ouvi: “Tia, conta uma história de terror”. É claro que não contei uma coisa tão aterrorizante, mas… com bastante suspense garantiu o sucesso!
No lado mais fantasioso, gostam de heróis, de personagens com superpoderes, capazes de fazer coisas que elas gostariam de fazer na vida real: voar, se locomover em alta velocidade, ler mentes, etc.
Todas as Faixas Etárias: Se a contação de história será realizada em um local aberto, como uma praça, você não tem como prever a idade do público que vai estar presente. Neste caso, indico histórias de aventura! Com surpresas e variações de emoções: alegria, tristeza, medo, tensão. Histórias que seguem a estrutura da Jornada do Herói agradam pessoas de todas as idades.
Aqui no Blog, você pode encontrar diversos contos e vídeos, com ideias para utilizar em sua contação de história. Separei algumas, como indicação para cada faixa etária:
De 0 a 3 anos: A Cor Preferida;
De 3 a 6 anos: O Feliz Aniversário do Rei, O Monstro da Tosse;
De 6 a 9 anos: Guirii, O Macaco de Cera;
De 9 a 12 anos: Chico pé-pé e a Pescaria;
Diversas idades: Cegonhanópolis.
Critério 3: Preferências de um Público Específico
Muitas vezes, o contador tem um público mais específico (alunos, filhos, amigos). Neste caso, ele conhece cada pessoa que assistirá a contação de história. E por conhecer, sabe bem suas preferências. Se os seus alunos amam histórias de heróis, você precisa incluir este tipo de universo em suas contações. Se o seu filho é fã de dinossauros, é claro que histórias com dinossauros podem fazer mais sucesso. Isso não quer dizer, que você precisa se prender somente às preferências do público. O bacana é variar! E sempre observe o que fez mais sucesso, porque talvez o que ele goste não seja especificamente de dinossauros, e sim, de animais grandes, ou histórias que aconteceram há milhões de anos. Então, novamente: Observe! Com o tempo, ao bater o olho em uma história, você saberá se seu público vai gostar ou não.
Amplie seu Repertório
Leia livros, assista a filmes, ouça músicas infantis. Conte vários tipos de histórias, com recursos variados. Aos poucos, você vai encontrar os recursos que mais se encaixam ao seu estilo e saberá fazer escolhas mais assertivas. Lembre-se: A prática leva à perfeição!
Até mais!
Deixe um comentário