Contação De História Infantil: O Monstro Da Tosse

Era uma vez… um vilarejo no Japão chamado Hizashi, que traduzindo, significa Raio de Sol. Ele não recebeu este nome atoa. Lá, todos os dias eram ensolarados. Somente os dias, as noites eram chuvosas. Imagine que local perfeito! Com dias lindos para brincar e noites gostosas para dormir, com aquele barulhinho de chuva. E por mais que o clima fosse perfeito para uma boa noite de descanso, todos no vilarejo sempre estavam com muito sono. E por mais que os dias fossem maravilhosos para brincar, ninguém conseguia se divertir, sempre estavam cansados. Em Hizashi, ninguém dormia, devido a um monstro que morava por perto!

Ele foi apelidado de “Monstro da Tosse”. É, este era o terrível poder dele. Tosse! Ele tossia bastante. Todas as noites! Exatamente às 18 horas, o monstro acordava e pelo vilarejo ecoava um barulho muito alto que fazia a terra tremer. E não era só a terra que tremia. Os moradores de Hizashi também, tremiam de medo. A barulheira durava a noite toda!

Geração após geração de noites mal dormidas, ninguém nunca se atreveu a chegar perto do monstro. Ele morava em uma montanha, bem pertinho do vilarejo, mas nunca foi visto! Os moradores passavam horas imaginando como ele era. Alguns diziam que era azul, outros que tinha 300 patas, os mais velhos achavam que era um gigante, no entanto, ninguém tinha certeza de nada.

Yuki cresceu ouvindo teorias sobre a origem do monstro, mas algo não fazia muito sentido. E pensou: Se ele é tão perigoso, porque nunca nos atacou? Foi então que alguma coisa em seu coração acendeu, como um chamado, e ela sentiu que precisava resolver isso de uma vez por todas. Até porque, Yuki estava cansada, de não dormir, não brincar e de não aproveitar o sol e o barulho da chuva. Ela queria paz e silêncio à noite, e brincar bastante nos dias ensolarados. Decidiu que iria lá, enfrentar o tal monstro.

A jovem sabia que ninguém teria coragem de acompanhá-la, sabia que viveria esta aventura sozinha. E assim que o sol raiou, preparou-se para sair. A incerteza se conseguiria cumprir a missão e se voltaria para casa, quase fez com que ela desistisse. Porém, sua vontade de resolver aquilo era maior. Ela não poderia viver mais um dia cansada! E então, levando consigo apenas sua coragem e uma “ideia” na mochila, partiu rumo a montanha.

Devido ao cansaço, Yuki demorou 3 dias e 3 noites para chegar. Enfrentou o sol e a chuva. Comeu apenas algumas frutas que encontrou no caminho. Até que praticamente se arrastando, chegou à montanha, batendo palmas e chamando pelo monstro. Ela sentiu um misto de medo e determinação, tudo ao mesmo tempo. Algo dizia que ela estava fazendo a coisa certa.

– Monstro da Tosse, apareça! Venha, eu quero conversar! – a menina aumentou a voz, na tentativa de intimidar o monstro.

Para sua surpresa, saiu da montanha um ser azul. Os moradores haviam acertado na cor, mas erraram no tamanho. O Monstro da Tosse era… bem pequenininho. Tinha uns 20 centímetros, no máximo! Yuki não acreditava no que estava vendo.

– Você que é o Mostro da Tosse?

– É assim que vocês me chamam, lá no vilarejo? – o pequeno ser estava com um lenço na mão – Meu nome, na verdade, é Haruki.

Yuki ficou confusa, o Monstro da Tosse, pessoalmente, não dava nenhum medo e sim muita pena. Ele tinha um semblante solitário, doente e sonolento.

– Monstro da Tosse… desculpe, Haruki. Eu sou Yuki, vim te ajudar. – retirou a “ideia” de sua mochila. – Eu trouxe um xarope. É um composto de ervas, que meu avô me ensinou a preparar, vai curar a sua…

Antes que ela terminasse a frase, Haruki correu! Ele odiava tomar xarope, todos tinham um gosto horrível! Haruki não suportava remédios, por isso, preferiu ficar tossindo todo esse tempo. E sempre viveu isolado, pois sua tosse causava muito medo.

Yuki sabia que parar aquela tosse era vital para ela e seu povo, assim como, para o bem-estar do Monstro da Tosse. Por isso, ela foi atrás de Haruki e insistiu para que ele tomasse o xarope.

– Haruki, este xarope vai curar a sua…

O Monstro da Tosse correu novamente e se escondeu dentro de um buraco na montanha.

– Haruki, eu sei que você não gosta de tomar remédio, mas eu tenho aqui algo que vai curar a sua tosse… – tentou explicar a jovem.

– Não quero, vá embora! – rejeitou o monstro.

Vendo que não tinha mais solução, Yuki começou a chorar e lamentou:

– Sempre acreditei de coração que poderia ajudá-lo. Sempre acreditei que um dia realizaria meu sonho de poder brincar de dia e descansar de noite, contudo, não passou de um sentimento tolo. Vou embora e deixarei você em paz.

Aquelas palavras tocaram o pequeno coração daquele ser. No fundo, ele sabia que a sua tosse era responsável por toda aquela confusão. Assim como a tosse era sua doença, ele era a doença do povo de Yuki. Em um impulso inesperado, sem pensar nas consequências, Haruki falou:

– Espere, Yuki! Eu vou tomar o xarope.

– Você tem certeza? – certificou a jovem, enxugando as lágrimas.

– Tenho! Vamos, me dê o remédio, antes que que eu me arrependa.

Yuki entregou o xarope ao Monstro da Tosse. O líquido era meio esverdeado, com alguns pedacinhos marrons, provavelmente, das ervas ali colocadas. “Melhor deixar de imaginar os componentes e virar de uma vez”, pensou Haruki. Mas antes de virar o líquido na boca.

– Espere, tive outra “ideia”!

– Que “ideia”? – perguntou Haruki, confuso.

– Sei uma maneira de você praticamente não sentir o gosto.

– Legal, então, não vou mais tomar o remédio?

– Não foi isso que eu disse, deixa eu explicar. Antes de você tomar o remédio, eu vou tampar o seu nariz, e como mágica, você quase não sentirá o gosto!

– Será que isso vai funcionar? – Haruki não estava crendo naquilo.

– Vai sim, confie em mim.

Então, Yuki tampou o narizinho de Haruki. E no 1, 2, 3… o Monstro da Tosse virou o xarope garganta abaixo.

– Funcionou! Eu consegui tomar o remédio! – comemorou Haruki.

Após aquele momento de alegria e superação, Yuki despediu-se do novo amigo e voltou para casa, trazendo no coração a esperança de que o remédio fizesse efeito. Na primeira noite, parecia que nada havia mudado, a tosse continuava. Porém, Yuki não desistiu, durante uma semana visitou o monstro para dar-lhe o xarope, sempre apertando o seu narizinho. Haruki, aos poucos, sentiu melhoras em sua tosse. Até que um dia, sua tosse de 200 anos, parou! Ele estava curado!

A jovem contou seu feito para sua família e a notícia logo se espalhou. Todos no vilarejo festejaram, enfim, poderiam aproveitar a chuvinha e ter uma boa noite de sono. E para Yuki, foi a primeira noite silenciosa de sua vida! Desta forma, o ato de amor de Yuki e a humildade de Haruki, ao aceitar tomar o remédio, salvaram o vilarejo de Hizashi.

Yuki e Haruki tornaram-se melhores amigos e viveram felizes para sempre em Raio de Sol.

Autoria: Fada Inad

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Bernardo Afonso Pires
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Bernardo Afonso Pires

A história foi incrível! Gostei muito dos personagens, e gostei da cor do monstro, e gostei das noites de chuva. E gostei do sol de manhãzinha. Adorei o título do livro.

luis felipe Xavier
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luis felipe Xavier

acabei de ler a história para a minha irmã de 4 anos ela achou incrível

cristina
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cristina

amei minha pequena dormiu logo

Carlos
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Carlos

Contei pra minha princesa ela capotou kkk