Contação De História Infantil: A Origem da Peteca

Essa história eu ouvi da minha mãe, que ouviu da minha vó, que ouviu da minha bisavó… Mas eu não sei de quem minha bisavó ouviu. Só sei que todos os velhinhos da minha cidade já ouviram a história da origem da peteca. 

Você não sabe o que é uma peteca? Na minha época, todos conheciam, era um dos brinquedos preferidos da garotada. Na meninice da minha mãe, ela também brincou bastante. Minha vó e minha bisavó? Eram tetracampeãs em peteca. 

Peteca é um brinquedo, isso já falei. É feito com uma base fofinha e com penas no meio. Eu não sei nem explicar, de tão legal que é. Ela é tão divertida! Para brincar, damos um tapinha e ela voa bem alto, alto e mais alto! Foi daí que surgiu o nome: peteca vem do tupi guarani e significa “bater” ou “golpear com as mãos”. 

Bom, esta história aconteceu há muito, muito, muito tempo. Em um povo indígena, que vivia em harmonia com a floresta e os animais. As crianças passavam o dia brincando e se divertindo com os amigos, na aldeia, nos rios e nas matas. 

Entre essas crianças, existia um menino. Ah, ele era tão alegre e adorava brincar com os animais! Tinha um melhor amigo, que era um papagaio que repetia tudo o que ele falava.

– Vamos comer mandioca?

– Vamos comer mandioca? – repetia o papagaio. 

O menino havia herdado o pássaro, que acompanhava há muito tempo sua família. E ele, já estava bem velhinho. Cada dia falava mais fraquinho, ficava mais quietinho e quase nem andava. O menino percebeu e sabia que estava chegando o dia do seu querido papagaio partir. E assim aconteceu. Mas antes de se despedir do amigo, ele pegou algumas penas para guardar de lembrança. 

Ele ficou triste, mas sabia que o amigo estava bem. Para guardar as penas de uma forma especial, ele pegou um pedaço de couro de bicho que tinha em sua casa, encheu com um pouco de palha e fixou as penas. Assim, criou uma espécie de enfeite. No final, ele percebeu que sua criação havia ficado bem leve e curiosa. 

Experimentou jogar para cima, em homenagem ao amigo pássaro. E quando a peteca estava quase caindo, ele deu um tapinha e ela voou novamente. E toda vez que ela se aproximava de suas mãos, ele dava outro tapinha. Foi tão divertido! Ele passou a tarde inteira brincando. Aos poucos, outras crianças se aproximaram para brincar também. No outro dia, todas elas criaram suas próprias petecas, com o auxílio do menino. 

Esta se tornou a brincadeira preferida do pequeno curumim, que passou a infância inteira jogando peteca. E quando se tornou um jovem guerreiro, continuou jogando, pois a peteca o deixava mais forte e habilidoso. Ela era tão eficiente, que passou a ser praticada por todos os defensores do povo. 

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles também se encantaram com as petecas! As crianças, os jovens, os adultos e até os idosos gostavam de brincar. Até que um dia, ela virou um esporte! Assim, o menino eternizou o seu grande amigo através de uma brincadeira, que já existe bem antes da época da minha bisavó.

Autoria: Daniele Silva

Confira uma versão em vídeo desta história com teatro de sombras:

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